quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Money

A narrativa de Martin Amis revira o mundo com linguagem. Mundo, e linguagem, por um personagem , em primeira pessoa, que conversa o tempo todo - sempre embriagado e alucinadamente- com o leitor sobre a sociedade do consumo, do sexo, do dinheiro e coisa e tal. A corrosiva fala interior deste John Self pede sempre nossa adesão a como ele está ( sempre em apuros, numa ação incontida). Sua lucidez, embriagada, é simpática, invencível! Convivemos verbalmente com este diretor de comerciais e filmes pornô, quase sempre na ponte aérea London/ New York, através de linguagem que narra e mobilisa a miséria moral do dinheiro. Pela linguagem de plástica verbal ( sim, que se plasma no coloquial, nas coisas urbanas incorporadas), numa forma metafórica impressionante, vamos sabendo, e nos deparando com a realidade assim como com seu interior, por quem está dentro, numa forma de consciência, visceral, de que primeiro mundo participa: o da consumação capitalista, barata, da vida. E a moral de GRANA, a grande sacada deste livro, é a sobrevivência, algo patética e irônica, também, deste personagem / narrador, o John Self, que chega a discutir com o autor, Martin Amis ! Só ao final do romance vamos visualizar sua fisicalidade transbordante, tanto como o discurso e linguagem narrativa incessante; ele está quase quase acabado pelas peripécias do dinheiro mas sobrevive ao próprio romance, a si mesmo e aos excessos, e consequente falta, de GRANA! Sabermos, só ao final, de sua fisicalidade parece completá-lo. Ele que vivia ansiosamente num loucura só, afinal se completa com si mesmo... é tão curioso...engenhoso existencialmente!

Um comentário:

Anônimo disse...

Money, get away. Money, its a gas. Money, get back. Money, its a hit. Money, its a crime. Some people got to have it. Some people really need it.

Podiam dançar a noite inteira, pensavam. Os vinis não derreteriam diante de suas aventuras, seus passos, suas versões de outras histórias, outros anos. Ela rebolava como um peixe sutilmente baleado pelas luzes giratórias da festa. Ele a observava em demorado instante de seriedade e indiferença. Um milionário facilmente poderia aparecer na tevê naquele momento, executivos empolados de néctar das cidades. Podiam dançar a noite inteira, pensavam. Em meio ao tiroteio das luzes o livro de Martin Amis repousava. Alguém então lia uma citação de Baudrillard.

Laser disc. Ele não gasta, mesmo que o usemos. É aterrador. É como se você nunca o tivesse usado. Portanto, é como se você não existisse. Se os objetos não envelhecem, é você que está morto.
A tecnologia musical em seu ponto de perfeição vira uma câmara escura, o gozo musical vira gozo póstumo.
Mais tarde sem duvida reintroduziremos ruídos paralelos, vírus, para dar ilusão de vida e de desgaste.