sábado, 16 de fevereiro de 2008

enquanto Tonho e Tônia devem estar dormindo...

-Devem estar dormindo - sugere o barulho, motor, das ruas. Os lençóis dizem que dormem. Ao afastá-lo, num minuto desses, Tonho passará as mãos nas coxas, tocará o pênis. Leve. Ao levantar-se, procurará por algo de ontem, não imediatamente. Esperará por algo não conclusivo. "A neurose do barulho é uma desdita industrialista", fala enquanto faz um movimento com os ombros. Nua força se levanta da cama. Durante o dia seus passos firmes, andam. Precisa acabar de ler um artigo numa revista antiga. Tõnia, quando sair da moleza, cantará no espelho onde, primeiro, despenteia seus curtos cabelos , já oxigenados desde antes do carnaval . Na grande manhã que, às vezes, é a tarde, começa a vida a querer.E Tonho concentra-se na leitura, sentado mesmo. Tônia procura gravar algumas letras de samba-canção.Tonho passará as mãos nas coxas

Um comentário:

Ranieri Brandão disse...

A palavra, a imagem e o movimento de Dilermando, ao fazer estas anotações: tudo implicitamente; assim como o cenário do batente, em duas palavras.